Comparação de Serviços entre Hospital na Inglaterra e Hospital em Portugal
O tratamento em Inglaterra, nordeste de Londres, correu bem, fui bem tratado e os enfermeiros foram bastante simpáticos. As várias nacionalidades dos enfermeiros eram desde jamaicanos, filipinos, kénianos e uma portuguesa de nome Maria, que eu não a conheci pois estava de férias e acho que ingleses não sei se existia algum!
Ao início foi-me dado dois rolos de adesivo e uma peça (garrote?), para poder apertar o braço e assim as veias dilatarem antes de espetar as agulhas. Estes utensílios ficam comigo e são só para o meu uso.
O nível profissional dos enfermeiros na minha opinião era bom, mas fiquei com a sensação que é um pouco inferior aos nossos aqui em Faro, digo isto pois quando era altura de colocar as agulhas para a hemodiálise não me pareciam muito confiantes, e numa ocasião foi preciso 3 enfermeiros e 6 agulhas par poder começar. Quando já íamos na 4 agulha, o enfermeiro traz mais duas e eu disse-lhe que aquelas eram as suas ultimas hipóteses que ele tinha, senão eu ia embora e voltava amanhã, já me doía o braço e estava farto de andarem para ali à procura da veia.
Felizmente o problema foi resolvido com as ultimas duas agulhas!
Um pormenor que achei bem diferente, era que a filosofia entre enfermeiros e paciente, é que os pacientes o que poderem fazer por eles, assim o fazem.
Ao entrarmos na sala de diálise nós é que nos pesamos sozinhos, tiramos a tensão arterial e apontamos na nossa ficha, em Faro não, é o enfermeiro que faz.
Eles estavam a pensar em ensinar-me, mas como eu iria estar lá pouco tempo (2 semanas), não o fizeram, mas os outros iam buscar todo o equipamento que as enfermeiras precisavam e preparavam a mesa de trabalho para começar com a diálise.
Se a máquina de diálise apitava eu vi alguns pacientes, a lidarem sozinhos com a máquina, mas em algumas situações mais complicadas tinham que chamar o enfermeiro.
No fim do tratamento, os enfermeiros tiravam-nos as agulhas, era medida a tensão, sentada e depois de pé, em Faro não vão a esse pormenor, é tirada a ultima tensão sentado e pronto. Depois voltar a pesar e apontar na ficha, retirar os lençóis e fronhas dos travesseiros, colocar tudo na roupa suja e limpar a mesa de serviço. Lavar as mãos e desinfectar e pronto ir para casa.
Resumindo a experiência, a ideia de nós sentirmos que estamos a tomar conta da nossa situação é muito boa, sermos e estarmos mais activos e participarmos na nossa doença é algo muito positivo, eu assim acho. O facto de não existir esta estúpida regra que temos em Faro de termos que estar vestidos de pijama mas podermos estar com a nossa roupa normal, torna todo o processo mais leve e um tanto ou pouco “normal” a fugir à sensação de vítima e de doentinho.
Depois há pormenores tão simples mas que nos fazem sentir que alguém pensou em nós e no nosso conforto, que é o caso de colocarem um travesseiro por debaixo do braço que tem as agulhas, eu em Faro passo o tempo todo de diálise com metade da mão e dedos dormentes, não vale a pena pedir um travesseiro, pois eles não existem, os que têm estão a ser utilizados.
A questão da quantidade de líquidos a tirar por sessão, era um acordo que entre eu e o enfermeiro decidíamos e não as batalhas que eu tenho tido com enfermeiros e médicos par os tirar da fixação que têm com a medida de dois litros de liquido a tirar, para defender esta teoria, uma médica perguntou-me se eu urinava 2 litros e meio de urina por dia, sem comentários!
Eu aposto que em outras clínicas será diferente, mas eu só posso comparar com a minha experiência do hospital de Faro, é o único local em que fiz diálise
O outro pormenor é sentirmos que entre enfermeiros e pacientes, estamos ao mesmo nível, os enfermeiros têm os conhecimentos, mas falam contigo como que fazemos todos parte de uma equipa, sem ar de superioridade que é um defeito que eu encontro com alguns dos nossos enfermeiros.
Também já falei com enfermeiros que se qualificaram à pouco tempo e dizem-me que no seu curso existia uma componente dedicada ao paciente, e saber lidar com a parte psicológica e mental do paciente. Por outras palavras, respeitar, e aceitar que o paciente é um ser humano com cérebro, capacidade de pensar, raciocinar, com emoções, duvidas, receios e que se encontra numa situação frágil! Eu gostaria de ver certos médicos e enfermeiros quando eles próprios se tornam pacientes, deverá ser um filme muito engraçado para nós vermos.